Ora portantos, trabalho então numa bela fábrica de cerveja, que em inglês se traduz por Brewery, nunca beer factory. Em português de emigrante seria, então, bruaria. A bruaria em que trabalho fica em Tadcaster. E, perguntam as pessoas que lêm este blog, que raio de terra é essa? E eu respondo: Tadcaster seria o sítio onde, se se fizesse um clister ao Reino Unido, seria inserida a cânula. A demografia diz tudo: 6000 pessoas, 3 bruarias. Uma minha, outra tua, perdão, da Coors (uns dos maiores, fazem a Carling, por exemplo) e outra de quem a apanhar, o que, é como quem diz, da Samuel (Sam, para os amigos) Smith. Conta a história que o John Smith (que dá o nome à minha fábrica) tinha uma bruaria; quis uma maior; comprou um terreno do outro lado da rua; vendeu a bruaria antiga ao sobrinho, Samuel (não sou amigo) Smith. e vai daí, durante 200 anos não aconteceu nada e nos últimos anos a John Smith's passou a pertencer a uma grande empresa (a MELHOR) e a Sam (não é por amizade, é por preguiça) Smith continuou super pequena e é, agora, posse dum tipo muito excentrico. Agora vou fazer um parágrafo porque está a faltar.
O dono da bruaria Sam Smith é um tipo que é dono de quase toda Tadcaster e que não deixa desenvolver o sítio porque se acha poderoso. A cerveja dele é à moda antiga, não há cá grande escala. Nos pubs dele não há marcas, compra tudo genérico e vende sob a marca dele. Não há cá paneleirices! Antes de aqui ser proibido fumar nos estabelecimentos (i.e. chegada da civilização, em Julho deste ano), já era proibido chupar os irritantes palitos de tabaco em qualquer pub dele, que isso de andar para aí a mamar objectos cilindricos não é coisa de homens!
Isto, entretanto, leva-me ao que é ser um Yorkshireman, algo perfeitamente ilustrado pela publicidade à John Smith's e pelo sketch do At Last The 1948 Show, revisto pelos Monty Python, chamado The 4 Yorkshiremen. A expressão chave é, de resto, "No Nonsense", que é como quem diz, "Queres paneleirices, vai lá para San Francisco". Acrescenta-se um sotaque complicado de perceber, em que os H não são aspirados: "Bloody 'ell"; "'ello"; e outros que tais...
Leeds é uma cidade bem melhor do que a idea que tinha dela, o que, sinceramente, não era difícil. Tem mais do que uma universidade, o que lhe traz um colorido interessante e me faz sentir contente pois implica que há aqui milhares de pessoas que ganham menos do que eu! A zona central, a 5 minutos do meu belo fláte, tem um movimento impressionante, pelo menos quando as lojas estão abertas e, principalmente, ao sábado parece um formigueiro depois de se urinar lá para dentro (sim, eu sei que é uma bela imagem), já que dá a impressão de que toda a população do RU se lembrou de fazer compras em Leeds ao mesmo tempo e todos se atropelam pela principal rua comercial, a Briggate. ~
Eu moro numa zona a Sul do centro, atravessando o rio, mesmo junto a uma bruaria da concorrencia, para a qual faço questão de cuspir todos os dias. Para dar interesse a uma zona meia yuppie, encontraram um cadáver morto (é o meu pleonasmo preferido a seguir a cabeleireiro gay) há duas semanas flutuar no belo do rio, mesmo à saída do meu condomínio. Houve mergulhadores, CSIs e fitinhas amarelas a pedir para um queniano passar por elas a correr de braços abertos. Houve, também, lugar a várias piadas de mau gosto, de um certo português que não se conseguiu conter. Custa é perceber como é que, numa terra onde ninguém que não tenha um número de BI igual ao meu bebe menos de 50 litros de cerveja por noite, não há cerca nenhuma junto ao rio, principalmente, havendo passagens de apenas dois ou três metros de largura entre o meu condomínio e o rio. Também custa perceber que ninguém tenha filmado e posto no iutúbaro para eu poder lincar aqui... Tenho que dizer, no entanto, que duas semans depois eles taparam aquelas passagens e tão cedo não me vou poder gabar outra vez de encontrarem cadáveres à minha porta!
E faltam as romãs: houve um gajo qualquer que foi não sei onde e provou um sumo de romã. Quando voltou ao sítio de onde tinha ido abriu uma empresa de sumo de romã e agora tá rico. Isto é o que se chama uma história romãtica. (pago uma caixa de cerveja a quem conseguir construir um trocadilho tão mau como este)
E pronto.
Sem comentários:
Enviar um comentário