Outras docas se revelam e, agora, estou em Leeds, a viver, e em Tadcaster, a fazer cerveja.
Para trás ficaram 3 semanas a viver em hotéis, uns melhores que outros.
O primeiro ficava em Manchester; ficava em Manchester como Óbidos fica em Lisboa, entenda-se! Era uma espécie de centro de congressos que até tinha campo de Rugby e vaquinhas a pastar no campo ao lado. Tinha ginásio, piscina, jacuzzi, tudo coisas que não foram utilizadas por falta de tempo. Tinha também acesso à internet por apenas 2.000.000.000.000 de libras por segundo. Escusado será dizer que, no pouco tempo livre que tive, não passei muito tempo online. Foi uma semana em que o pequeno almoço e o almoço eram buffet, o que convida à alarvidade e o jantar era a la carte, mas sempre com entradas e, o que também convida à alarvidade, buffet de sobremesas. O prato tinha tendencia para conter uma quantidade capaz de matar a fome a um elefante com ténia. E, claro, há que acrescentar o bar aberto todas as noites, para beber pints e pints de cerveja e cidra (tudo S&N, claro)
Na semana seguinte, o Holiday Inn Express, no centro de Edimburgo. Mais uma excelente oportunidade de não ver Edimburgo por todo o trabalho que tive. O hotel era mais ou menos, sendo de destacar o facto de ter duas camas no meu quarto não sei para quê e uma porta de comunicação com o quarto do lado. A Internet era mais barata que no anterior, bastando o orçamento do estado português dos próximos três anos para cobrir uma hora de ligação.
Estando menos fora de mão, tive oportunidade de conhecer a, no mínimo, interessante noite de Edimburgo. Para começar, um bar "australiano" chamado Walkabout. A principal característica era ter um chão, de tal maneira pegajoso, que me manteve entretido durante horas tentando descalçar-me com o simples gesto de levantar o pé. Para além disso, pude verificar que os brits saem em matilhas de género definido. Gajas com gajas e gajos com gajos, com um casal aqui e outro ali.
As moçoilas gastam quantidades verdadeiramente ecológicas de pano, bastando uns 50 centimetros de tecido enrolados à volta do toucinhesco corpo, saltos altos que dão bastante luta e algumas demãos de maquiagem na sua face de feições, digamos, alternativas. Junte-se a isto uma quantidade de perfume capaz de (me) fazer lacrimejar a menos de três metros e bora lá pá festa! Qualquer rapariga com esta fisionomia que saísse de casa assim em Portugal seria chamada de badalhoca pelo menos 15 vezes antes de passar a primeira esquina (o que, diria eu, é um problema de Portugal, não das moçoilas, mas adiante...) A imagem que, em geral, me vinha sempre à mente era a da Miss Piggy.
Os rapazitos têm a forma aproximada de um frigorífico americano, grunhem bastante e fazem passar pela goela quantidades de liquido de fazer inveja ao estreito de Gibraltar. É também de ter em conta que ocupam um volume superior ao do seu corpo, devido ao seu movimento aleatório em torno do seu centro de gravidade , o que torna extremamente perigoso o transporte de líquidos nas suas imediações.
Na última noite houve que voltar ao Walkabout, para tentar de novo o número de descalçar sem levantar o pé. Desta vez, no entanto, havia menos gente e o poder de atracção do chão estava consideravelmente reduzido. De destacar, no entanto, a presença de um tipo australiano, que trabalha na Ladbrokes (não faço ideia porque raio o facto de ele trabalhar vem ao caso, mas enfim). O rapaz tinha uma implicação Boratesca de pedir um high five a cada frase trocada, como exemplifico a seguir:
I'm from Australia! High five!
You're from Portugal! High five!
You're a Benfica Fan! High five!
Maddie disappeared in Portugal! High five!
I was just shot in the face! High five!
E assim por diante...
No resto da noite, de destacar a presença de vários escoceses (tinham kilt) a cantar karaoke, demonstrando que o que importa é gostar de cantar e o público não estar armado com Uzis.
No próximo episódio: Leeds, Tadcaster, crime e romance, perdão, romãs.