sexta-feira, abril 28, 2006

A Genentech e os entretantos

Já lá vão uns tempos desde a última vez que aqui escrevi, o que não quer dizer que entretanto não tenha acontecido nada:
Comecei a trabalhar, fui ver o meu primeiro jogo de baseball (ou basebol, beisebol, veisevole, bola na base, bola no taco, mega-seca, o que mais lhe quiserem chamar), e já fui a duas festas em casa de pessoas, nas quais o ambiente era um bocado louco, mas nada que pudesse constar de um website para adultos.

Comecei a trabalhar não oficialmente na semana passada, a aprender o ofício da cultura de células animais com o meu chefe directo, um japoamericano chamado Masaru. O homem disse-me logo que não me preocupasse, que se planeasse bem o meu trabalho não precisaria de ir à empresa muitas vezes ao fim de semana. Yaaay. Eu tive vontade de lhe dizer que se está à espera que ao fim de semana eu, sem haver transportes públicos, mexa o cú para lá ir, não bate bem de certeza. Para além disso, sou fortemente desencorajado de trabalhar mais de 40 horas por semana, o que, diga-se, soa bem!

A Genentech é uma espécie de pequena empresa familiar, em que trabalham apenas 10000 pessoas e em que as pessoas não são da mesma família. Durante a tal primeira semana não oficial eu andei sempre com um cartão de visitante, que não me permite abrir porta nenhuma para entrar em lado nenhum. Apenas sair. Ou seja, andei uma semana a emboscar pessoas que fossem entrar onde eu queria e a esgueirar-me atrás delas. Não poder abrir portas é, diga-se, uma excelente metáfora da condição de não pertencer a um sítio.

Esta semana já tive a "New Hire Orientation", uma sessão de um dia inteiro, que só se realiza às segundas feiras e pela qual têm que passar todos os novos empregados. Todas as semanas entram cerca de 40 caramelos na empresa, coisa pouca...

As cantinas são de fazer inveja a todas as que conheci antes, com comida italiana (massa e pizzas), mexicano (taqueria), japonês (sushi outras comidas gay), delicatessen (sandes muito boas), grelhados, assados, saladas, gelados e sei lá mais o quê (isto tudo numa só cantina, as outras só têm parte disto). O único senão é que as doses não são nada de extraordinário e muita coisa chega aos 6 dólares (cerca de 5 euros).

Outra coisa que se destaca, na empresa até mais que na cidade de São Francisco (não, a ausência de gajas boas vai ficar para outro post), é a variedade étnica. Já tomei contacto com chineses (republica popular e Taiwan), japoneses, indianos de diferentes sítios, portugueses, venezuelanos, nepaleses, canadianos, mexicanos, italianos...

Espero pôr fotos em breve, preguiça oblige...

Have a very good day!

domingo, abril 09, 2006

Sandes de fiambre: uma comparação

Conteúdo de uma sandes de fiambre em Portugal:
  • fiambre

Conteúdo de uma sandes de fiambre nos EUA:
  • fiambre;
  • queijo;
  • cebola;
  • pepino;
  • mostarda;
  • maionese;
  • tomate;
  • meia alface.

terça-feira, abril 04, 2006

Home Decor Bronze Bust of Deng Xiao Ping

Home Decor Bronze Bust of Deng Xiao Ping

Estou muito tentado... Que acham? compro??

O Português

Depois de conhecermos o Carlos, íamos nós para atravessar na mesma esquina chunga da Tenderloin, ouvimos alguém, em português, a perguntar-nos se éramos portugueses.
Era um tipo com aspecto de sem abrigo, que me fez lembrar um dos piratas que vagueavam na Melée Island, no jogo Monkey Island (You fight like a Dairy Farmer!/How appropriate, you fight like a cow!- para quem se possa lembrar).
Então lá lhe perguntámos o que fazia por aqui e ele lá explicou:
Os pais são emigrantes em Paris, e ele andou a viver por uns anos em Portugal, até que foi preso no Algarve, com um quilo de haxixe que encontrou na praia! Foi difícil conter o riso! Deviamos tê-lo lembrado que não somos policias nem juizes e que podia contar a verdade... Depois disso, quando saiu da prisão foi para o México por uns anos e agora tá por aqui. Lá pediu a ajudinha da praxe e ao dólar que o Nuno ofereceu, respondeu com "Só isso??!!". O caramelo disse que no dia seguinte lá ia receber 750 dolares do estado, que deve ser uma espécie de rendimento mínimo garantido. Irónico que seja quase a mesma quantia que se ganha num estágio profissional, e seja o mesmo que eu estava a ganhar em Portugal. (Aqui também ganho menos até que as pessoas que limpam a rua!)

A fauna local

São Francisco é mesmo aquilo que se chama um melting pot. Gente de todas as formas e feitios anda misturada na azáfama diária, ninguém olha duas vezes para ninguém, porque é tudo tão extraordinário, que nada é extraordinário. Aqui parece que está toda a gente a jogar na mesma equipa: os pedintes sorriem mesmo que não lhe demos nada, toda a gente dá indicações com um sorriso nos lábios, todos têm a percepção que andamos todos aqui a remar para o mesmo lado.
Aqui ninguém pede dinheiro directamente, passam sempre uns minutos a perguntar-nos de onde somos, contam uma piadas, cantam um rap e no fim la pedem uma ajudazinha. Até agora tivemos vontade de ajudar estes tipos todos! Eu nunca dei um tusto a ninguém em Portugal e aqui já foram uns dólares...
Ontem estava com o Peixeiro na Tenderloin, a zona mais chunga cá do sítio, com uma densidade de 4 pedintes por metro quadrado, quando um tipo preto, grandito veio falar connosco:
- Então, pá, tudo bem? De onde são vocês?
-Portugal
-Portugal, hã? Portuguese...
-A fazer turismo?
-Não, a trabalhar...
-Ah! eu sou o Carlos!
-Prazer!
-You guys like women? Podem entrar já aqui...
Nuno Peixeiro: Ah e tal, ao domingo à tarde não...

Realmente há que respeitar o dia do senhor :)

Ide com deus (não me chateeis com a história da maiúscula!)

domingo, abril 02, 2006

Os Primeiros Dias

Já lá vão 4 noites passadas em San Francisco e o jetlag começa a diluir-se, o que me permite escrever qualquer coisita!
Na quarta-feira, desde o momento em que chegámos, não devemos ter demorado mais que duas horas a conhecer o primeiro casal de lésbicas! Andávamos perdidos em busca da nossa pousada e um casalito aceitou o nosso pedido de ajuda e conseguiram por-nos no caminho certo. O bigode de uma delas tinha qualquer coisa do Estaline...

A pousada em que estamos é a puxar um pouco para a chungaria, a maioria dos outros hóspedes são pessoas que vieram para San Francisco trabalhar e o nosso quarto para 6 pessoas é um bocadito apertado. Estamos a dividir o quarto com uma pessoa de cabelo curtinho, sempre vestida de preto, e com gravata colorida. Essa pessoa chama-se Chuck. Essa pessoa é uma gaja.
Entretanto, alguém com uma grande dose de amor próprio andou a fazer amor consigo próprio em frente ao espelho de corpo inteiro que há na casa de banho! Um tipo acorda para fazer as necessidades a meio da noite e chega à casa de banho e dá com aquilo e com um mega cheiro a ganza... Deu cá uma vontade de mudar de sítio!

Entretanto eu e o Peixeiro já encontrámos uma bela casa, para a qual nos mudaremos na terça. Estão a terminar a sua renovação e fica por cima de um Irish Pub, do qual podemos aproveitar a internet wireless (e as jolas :))

sigam as cenas dos próximos capítulos...